Os benefícios de falar dois idiomas vão desde concentração até a prevenção de demências
Os benefícios de falar dois idiomas vão desde concentração até a prevenção de demências

Um estudo realizado recentemente trouxe à tona um tema que já foi muito debatido e investigado pela classe pesquisadora: que tipos de benefícios falar dois idiomas traz ao cérebro?

Pesquisadores e professores da área da saúde, até mesmo psicólogos, são responsáveis por trazer esses estudos à sociedade.

Neste post, vamos te mostrar essas principais pesquisas, suas metodologias e resultados que comprovam a eficiência de um cérebro bilíngue.

 

Prevenção do Alzheimer e rapidez de raciocínio

Raciocínios mais simples têm muita relação com a prevenção do mal de Alzheimer, de acordo com o resultado mais divulgado recentemente. O estudo foi liderado por Ana Inés Ansaldo em 2016, no Centro de Pesquisas do Instituto Universitário de Geriatria de Montréal, no Canadá.

Na pesquisa, um grupo bilíngue e um grupo monolíngue de idosos foram submetidos a um experimento: tinham de se concentrar na informação visual de um objeto, enquanto ignoravam as demais informações, como espacial.

Como resultado, não foram observadas diferenças nos tempos de resposta, nem nas taxas de erro, porém os cérebros dos integrantes dos dois grupos agiram de formas distintas.

 

Enquanto o grupo bilíngue respondeu às questões de forma muito mais simples, o monolíngue teve que ativar áreas cerebrais mais complexas.

 

Segundo os investigadores, o lobo frontal foi ativado pelo cérebro dos que falam apenas uma língua. Essa região é responsável, por exemplo, pela:

 

  • função visual;

  • função motora; e

  • controle de interferência (vinculado à tomada de decisões).

 

A pesquisadora Ana Inés Ansaldo explica por que a simplicidade de raciocínio é positiva, principalmente quando são poupadas as áreas frontais do cérebro:

 

“(...) elas [as áreas frontais] são muito vulneráveis ao envelhecimento e também comprometidas em casos de demência. Isso também pode explicar por que trabalhos anteriores mostram que pessoas que sabem dois idiomas mostram um atraso no aparecimento de sinais de demência em comparação com as monolíngues”, detalha para o Correio Braziliense.

 

Eficiência do sistema auditivo

Desta vez, a pesquisa veio da Northwestern University (EUA), publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2012.

48 estudantes, sendo 23 bilíngues, se voluntariaram a ouvir diferentes sons, bem como permitiram seus monitoramentos. Para isso, eletrodos foram usados no couro cabeludo dos voluntários, a fim de traçar o padrão das ondas cerebrais.

Em relação ao silêncio, tanto o grupo de bilíngues quanto de monolíngues reagiram de forma semelhante. A diferença surgiu em um contexto barulhento: os que sabiam falar dois idiomas se sobressaíram no processamento dos sons.

 

O grupo bilíngue se mostrou mais capaz de sintonizar informações importantes - como a voz do orador - e bloquear outros ruídos que os distraem - as conversas de fundo, por exemplo.

 

Essa diferença foi visível nas reações do tronco cerebral dos grupos participantes.

De acordo com a professora Nina Kraus, que coordenou a pesquisa, “a experiência do bilíngue é aprimorada, com resultados sólidos.”

 

Dessa forma, ainda de acordo com Kraus, o sistema auditivo de quem sabe falar dois idiomas se mostra “altamente eficiente, flexível e focado no seu processamento automático de som, especialmente em condições complexas de escuta.”

 

“Parece que os benefícios do bilinguismo são particularmente poderosos e amplos, e incluem a atenção, seleção e codificação de som”, completou Viorica Marian, pesquisadora e co-autora do estudo, para a BBC.

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Melhorias na concentração e no sistema executivo

Esta vantagem foi descoberta em 2003 por Ellen Bialystok, psicóloga da Universidade York, de Toronto, no Canadá, e divulgada pela revista Galileu.

Ao pedir para que crianças mono e bilíngues identificassem sequências frasais gramaticalmente corretas, ambos os grupos conseguiram ver erro em frases como “maçãs cresçam em árvores”.

A real diferença aparecia em análises de frases sem sentido, como “maçãs crescem em narizes”. Enquanto os que só sabiam falar uma língua ficavam desconcertados pela ideia ridícula, os bilíngues davam a resposta correta - não haver erros gramaticais na frase.

 

Bialystok defende, então, que os cérebros de bilíngues passam por melhorias no chamado ‘sistema executivo’: um conjunto de habilidades mentais que dá capacidade de bloquear informações irrelevantes.

 

Essa vantagem seria a responsável por eles conseguirem se concentrar na gramática e ignorar o sentido das palavras. Melhorias nesse sistema justificam, então, uma maior flexibilidade mental.

Inclusive, Paula Rubio-Fernández e Sam Glucksberg, ambos psicólogos da Universidade de Princeton (EUA), descobriram que indivíduos bilíngues são mais capazes de se imaginar no lugar dos outros, pois têm mais facilidade de bloquear informações que já conhecem e se concentrar no ponto de vista alheio.

 

Agora que você já sabe alguns benefícios de falar dois idiomas, comece um curso com metodologia inovadora.