Trabalhar no exterior tem sido uma alternativa comum para muitos brasileiros. Fluentes em inglês, cresceu o número dos que deixaram o país em busca de novas oportunidades profissionais.
A experiência também pode ter outros objetivos além dos profissionais. Trabalhar no exterior é a chance de absorver uma nova cultura vivendo como um local e de até mesmo aperfeiçoar o inglês.
Se você planeja ir à procura de um emprego fora do Brasil, em países onde o inglês é a língua nativa (ou não!), preparamos um guia completo sobre trabalhar no exterior.
Neste post, conheça os destinos mais procurados pelos brasileiros, os principais programas de trabalho, as opções de emprego no exterior e as burocracias que não podem ser evitadas.
Antes de tudo, planeje!
O planejamento é a primeira parte e a chave para todo o processo dar certo. Para onde você quer ir? Quanto levar de dinheiro para os primeiros meses? Meu diploma será válido no país de destino?
Essas são algumas das perguntas que você deve responder antes de deixar o Brasil.
Saiba que, na maioria das vezes, o inglês fluente é um pré-requisito. Algumas empresas solicitam ainda o exame de proficiência na língua.
Afinal, você lidará diariamente com pessoas de diferentes nacionalidades, e o inglês é o idioma universal, principalmente dos negócios.
Não se esqueça de pesquisar (MUITO!) sobre as oportunidades de emprego para estrangeiros na sua área de atuação no país escolhido.
Busque informações também a respeito das condições e custo de vida na região.
Além disso, é imprescindível que você conheça as regras sobre o visto para trabalhar no país em questão. Abordaremos o assunto em breve.
Principais destinos
Alguns países aceitam vistos de estudantes com a modalidade de trabalho embutida, desde que a atividade não tenha influência sobre os estudos.
Muito atrativos para grande parte dos brasileiros, Estados Unidos e Canadá estão entre os mais procurados.
Além deles, Nova Zelândia, Austrália e Irlanda também oferecem modalidades de trabalho temporário e permanente para brasileiros e são bastante procurados, como mostraremos a seguir.
Modalidades de trabalho
Working Holiday na Nova Zelândia
O visto de Working Holiday é bastante conhecido: é concedido a jovens ao redor do mundo a possibilidade de trabalhar temporariamente em outro país. Porém, infelizmente, a maioria não abre inscrições para brasileiros. A única exceção atualmente é a Nova Zelândia.
Oferecido pelo governo, o programa concede 300 vistos anuais para brasileiros que desejam passar um ano no país, e é bastante concorrido.
As inscrições costumam se encerrar rapidamente e todo o processo é feito on-line.
Quanto aos requisitos:
- ser cidadão brasileiro;
- e comprovar, pelo menos, 4.200 dólares neozelandeses para se manter durante a estadia.
O visto permite que você estude e trabalhe no país durante seu período de férias do Brasil.
Au Pair
O programa Au Pair também é muito conhecido e procurado por brasileiras. É uma opção acessível de viver, trabalhar e estudar no exterior.
Basicamente, o programa consiste em:
uma temporada de um ano nos Estados Unidos ou em algum país da Europa, (o programa deve ser regulamentado pelo governo), com uma família local, cuidando de suas crianças e auxiliando em todas as tarefas relacionadas à elas.
É um trabalho remunerado, restringido à mulheres entre 18 e 26 anos, e que possibilita a realização de um curso durante a estadia no país.
Demi Pair
Já o Demi Pair, é aberto a homens e mulheres maiores de 18 anos, e é realizado na Austrália.
Com duração menor do que o Au Pair, 12 semanas, o Demi Pair tem como foco o aprendizado de um novo idioma.
Por isso, para participar, os interessados devem estar matriculados em um curso de idiomas com duração mínima de 14 semanas (o curso é mais longo do que o período de trabalho).
As tarefas são basicamente as mesmas da Au Pair:
cuidar das crianças de uma família e, em troca, o intercambista recebe acomodação e todas as refeições.
Em alguns casos, a família hospedeira pode oferecer uma ajuda de custo de até 120 dólares australianos.
Novas alternativas
Na era da informação, novas opções de trabalho ao redor do mundo começam a surgir. Uma delas é a chamada “nômades digitais”. Já ouviu falar sobre eles?
Nômades digitais
Os nômades digitais são pessoas que viajam o mundo enquanto trabalham, mas não necessariamente viajam a trabalho.
Para ser um nômade digital, sua profissão deve permitir que você atue à distância.
Pode parecer o trabalho dos sonhos, não é? Saiba que nem sempre é assim.
Um nômade, como o próprio nome já diz, não costuma ter um local de moradia fixo e isso gera uma série de dificuldades e inseguranças.
Além disso, como dissemos, nem toda profissão permite que o trabalho seja realizado apenas por meios digitais, à distância.
Alguns exemplos dos principais trabalhos remotos (como também são chamados):
- criação de websites;
- tradução de textos;
- vídeos e animações;
- produção de conteúdo;
- desenvolvimento de aplicativos;
- e até mesmo coaching à distância (via Skype, por exemplo).
Se você deseja começar uma nova carreira viajando o mundo, Debbie Corrano e Felipe Pacheco, nômades digitais e escritores do blog Pequenos Monstros, dão a dica:
tenha uma garantia financeira para que possa se manter por pelo menos três meses, incluindo passagens aéreas, hospedagem, gastos no dia a dia, e um extra de 15% do valor total, pois imprevistos acontecem.
Work & Study
Muitos brasileiros estão em busca de países que permitem que estrangeiros estudem e trabalhem ao mesmo tempo. Essa modalidade é chamada de Work & Study.
É o caso de países como Canadá, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia.
Neles, o intercambista frequenta uma escola de idiomas, por exemplo, e trabalha nas horas vagas.
A busca de emprego fica por conta do estudante, porém, algumas escolas e universidades dão auxílio aos seus alunos.
Walt Disney World International College Program
Este programa é ideal para universitários que estão em busca de um trabalho temporário, normalmente durante as férias, em um dos locais mais visitados e desejados do mundo: Walt Disney World.
O programa, também chamado de ICP Disney, é realizado nos parques e hotéis do complexo.
O participante deve ser maior de 18 anos; estar entre o segundo e penúltimo ano acadêmico – em um curso reconhecido pelo MEC; e possuir inglês intermediário.
O trabalho é remunerado e é realizado por cerca de 30 horas semanais.
São de responsabilidade do participante: passagens aéreas, moradia (normalmente dividida com outros funcionários do parque), seguro médico internacional e visto americano.
O processo seletivo é longo e bastante disputado:
- há duas palestras nas quais a presença do participante é obrigatória;
- uma entrevista com uma agência de viagem, que faz a mediação com os recrutadores da Disney;
- e a entrevista final, realizada diretamente com o departamento pessoal do parque.
Além dessas alternativas, há também empregos fixos nas áreas de formação acadêmica dos interessados em trabalhar no exterior.
Mas será que é fácil encontrar essas vagas estando no Brasil?
Como encontrar vagas de emprego no exterior ainda no Brasil?
Para trabalhar no exterior, é preciso se qualificar. Assim como no Brasil, cada empresa possui pré-requisitos necessários, e o inglês fluente é praticamente uma regra.
A partir disso, é importante elaborar um currículo adequado.
Os países europeus, por exemplo, possuem um modelo muito utilizado chamado Europass CV.
É importante, ainda, traduzir e validar seus diplomas e certificados profissionais de acordo com o país de destino.
Destino decidido, sites como o Vagas pelo Mundo apresentam centenas de oportunidades de emprego em diversos países ao redor do mundo.
Por fim, mantenha seu perfil do LinkedIn sempre atualizado e traduzido para o inglês, para o contato de empresas estrangeiras ser facilitado.
Burocracias: os vistos para cada país
A seguir, contamos quais são as burocracias necessárias para conseguir um visto para trabalhar nos países mais procurados pelos brasileiros.
Estados Unidos
Independente da modalidade do trabalho, se o desejo é trabalhar temporariamente nos Estados Unidos, o visto a ser solicitado é o de não-imigrante.
Entre eles, estão:
Visto de intercâmbio e estudante
Esse visto está presente na categoria J1, de acordo com a Embaixada Americana.
Segundo o site oficial, ele é concedido à pessoas previamente aprovadas a participar em programas de visitantes de intercâmbio nos EUA, de acordo com a lei de imigração dos EUA.
Isso quer dizer que, antes que você possa solicitar um visto da categoria J1 junto à Embaixada ou Consulados, é necessário:
se candidatar, preencher os requisitos e ser aceito por um uma das categorias de Programas de Visitantes de Intercâmbio através de uma organização patrocinadora designada.
Visto para Au Pair
Para trabalhar como Au Pair nos Estados Unidos, as condições são basicamente as mesmas citadas anteriormente no visto de estudante e intercâmbio.
A única diferença é que o trabalho deve ser aprovado e supervisionado pelo Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais (Bureau of Educational and Cultural Affairs).
Esta organização deve ser contatada diretamente pelo participante.
Visto para viagens a negócios
Ir para os EUA de forma temporária para tratar de negócios também possui uma categoria de vistos específico: o B1.
Engloba trabalhos como vendas, conferências, pesquisas, trabalhos voluntários, estágio na área médica, entre outros.
Você pode obter informações sobre cada um deles no site oficial da Embaixada Americana no Brasil.
Porém, se o seu desejo é se mudar de vez para trabalhar no país norte-americano, o visto que você deve solicitar é o de imigrante.
Employment-Based Visas
É o mais comum para quem irá trabalhar nos Estados Unidos sem previsão de retorno para o Brasil.
Os interessados nesse tipo de visto devem apresentar um protocolo da empresa que pretende contratá-lo em uma petição aprovada nos EUA, junto ao USCIS (United States Citizenship and Immigration Service).
A Embaixada Americana possui um site próprio para esse tipo de visto, e fornece todas as informações necessárias.
Irlanda
Cidadãos brasileiros que viajam para a Irlanda como turistas não necessitam de visto para permanecer no país por até 90 dias.
E estudantes que se registraram em um programa educacional também não precisam do visto para entrar no país europeu.
Porém, estudantes que desejam trabalhar temporariamente necessitam do visto tipo Stamp 2: visto de estudante com permissão de trabalho.
Stamp 2
Esse visto permite que o imigrante entre no país com o objetivo de frequentar aulas regulares, podendo trabalhar até 20 horas; e até 40h em meses específicos.
O visto Stamp 2 tem duração máxima de oito meses, e é necessário que o candidato esteja matriculado em um curso com duração mínima de 25 semanas.
Assim como no caso dos Estados Unidos, se a intenção é se mudar de vez para trabalhar no país, há outro visto: o Stamp 1: visto de trabalho.
Stamp 1
Para conseguir o Stamp 1, você precisará de uma proposta de trabalho de uma empresa estabelecida na Irlanda.
Enquanto o empregador não tiver recebido a permissão do Estado para contratá-lo, você não poderá trabalhar em outros cargos nem se envolver em nenhum negócio ou profissão sem autorização prévia concedida pelo Ministério da Justiça e da Igualdade, mesmo já tendo o visto.
Canadá
Para trabalhar no Canadá, independente da modalidade, você precisará de um visto de trabalho. Mas, assim como nos outros países, há tipos diferentes.
Saiba tudo sobre os programas de intercâmbio no Canadá.
Work permit
O work permit é uma permissão para trabalhar enquanto estuda. Por isso, ele estará vinculado ao seu visto de estudante, se for o caso.
Ele permite que o estudante trabalhe por até 20 horas semanais durante o período de aulas e full time nas férias acadêmicas.
Labour Market Impact Assessment
Este programa, também conhecido como LMIA, é destinado a empregadores canadenses que desejam contratar estrangeiros.
O objetivo é, basicamente, mostrar que a vaga foi anteriormente oferecida a trabalhadores que já estão no Canadá, mas não foi possível preenchê-la, e por esse motivo a empresa precisou procurar trabalhadores fora do país.
Com o LMIA em mãos, você pode solicitar um visto de trabalho para aquela empresa específica que irá te contratar.
Residente Permanente ou Cidadão
Sendo você é Residente Permanente e/ou Cidadão Canadense, você deixa de depender de qualquer permissão de trabalho ou de horas.
Para chegar a esse nível, você precisará se encaixar no Sistema de Imigração Atual, que engloba todos os programas de imigração atuais.
No caso do Canadá, você deverá demonstrar oficialmente que possui a educação e experiência necessárias para poder contribuir com a economia do país.
Nova Zelândia
Para trabalhar na Nova Zelândia, você também precisará de uma permissão para trabalho.
Uma das opções é o Working Holiday, que citamos anteriormente, em que o governo neozelandês concede ao cidadão brasileiro um visto para trabalhar no país durante suas férias.
Visto de trabalho
Assim como na maioria dos países, o visto de trabalho só é concedido para quem já tem um emprego garantido na Nova Zelândia.
A empresa contratante deverá ter uma autorização da Imigração da Nova Zelândia para contratar um estrangeiro.
Só, então, você deverá solicitar o visto de trabalho no Consulado da Nova Zelândia no Brasil ou em algum posto de imigração na Nova Zelândia.
O visto de trabalho neozelandês tem como validade o período descrito no contrato de emprego.
Austrália
Por fim, para trabalhar na Austrália, você também conta com dois tipos de visto diferentes. São eles:
Programa de imigração de trabalhadores qualificados (Skilled Migration Program)
Para conseguir esse visto, você deve, após apresentar uma Manifestação de Interesse, responder alguns testes e preencher formulários com base em suas qualificações, experiência profissional e capacidade de falar bem inglês, para satisfazer as exigências da imigração australiana.
Dependendo dos resultados, você pode até mesmo receber um visto permanente.
Visto de Estudo e Trabalho
Para conseguir o visto de estudo e trabalho australiano, você deve estar previamente matriculado em um curso de intercâmbio de mais de 14 semanas no país.
Com ele, é permitido trabalhar 20 horas por semana. Sua escola/universidade de destino deve ter uma autorização especial do governo para receber estudantes estrangeiros, o que é tranquilo de se encontrar na Austrália, que recebe milhares de intercambistas todo ano.
Conclusão
Se esse também é o seu sonho, é importante conhecer bem as exigências de cada país, se planejar e, claro, se qualificar para atingir seus objetivos.
Confira um guia completo sobre intercâmbios de inglês!